
Para papéis artísticos e principalmente para papéis destinados a documentos públicos, o pH neutro é fundamental para prolongar sua durabilidade.
Parece que beatnik está na moda entre algumas pessoas, tanto que ressuscitaram Fante, aquele que nunca devia ser esquecido. Motivado pela curiosidade, fui comprar o livro dele "Pergunte ao Pó", perguntei na Livraria Curitiba do Estação, sentei um pouco para ler e gostei de cara da introdução de Charles Bukowski. Recomendador de primeira. Li um pouco do início e logo vi que era coisa de primeira qualidade. Parei de imediato. Leitura boa é para ler com calma e não no burburinho.
Decisão tomada, fui até o caixa. Inexorável, a moça pôs peço no prazer: R$.31,00 (TRINTA E UM REAIS).
Aí, acenderam-se as lamparinas de meu juízo.
Tende paciência! Gostei com certeza, tanto que não me dei conta do que tinha nas mãos. Mas, comprar um bom texto num livro péssimo e ter que testemunhar o pobre se deteriorando rapidamente perante meus olhos, ali na prateleira! Isso não!
Esse pova da editora, o que será que eles acham que a gente faz com livro? Lê escondido, envergonhado, depois vende a quilo no sebo? Lê e joga fora? Lê e recicla? Dá de presente sem ler e sem vergonha?
Gente, livro é para ler e guardar. Para emprestar a quem queremos bem! Para ler de novo daqui a dez anos! Para todo mundo aqui em casa poder ler e o livro ainda fica inteiro.
Cândido, ainda perguntei para a moça que pôs preço no prazer: Não tem uma outra edição melhorzinha? Mesmo mais cara? Tem não.
Não tinha. Não estou num país civilizado que edita livros em capa dura também, para quem tem uma estante onde guardar, que gosta de ter o livro para ao menos olhar as letras da lombada de vez em quando.
Se comprei? Não! Esse não! Vou procurar coisa de melhor qualidade, nem que leve tempo. E se você comprar, esconda quando chegar visita em sua casa.
A Biblioteca Pública Fede
Imagine um lugar onde voce possa encontrar os principais títulos publicados em cada categoria, oferecidos gratuitamente a qualquer pessoa. Imagine esse lugar oferecendo de obras de literatura e de diversão, na prosa e poesia, saciando o apetite por leitura de qualquer um.
Agora, imagine esse lugar FEDENDO!
O principal indício de que uma biblioteca, mesmo uma livraiada e até uma estante só. está com problemas, é o CHEIRO. Se cheira, é mofo. E mofo é o resultado de poeira e umidade. Pois LIVRO VELHO NÃO FEDE! Só cheira mal se estiver mal conservado.
Sou capaz de avaliar o estado de conservação dos livros só pelo cheiro.
Cheiro de xixi de aranha marrom, de ratos, de brocas, de cupins. Tudo isso só prospera quando a biblioteca está mal conservada.
Quando acumula poeira. Quando não é arejada. Quando está úmida. Quando está abandonada.
Qual a razão do FEDOR da Biblioteca Pública do Paraná?
Estamos em pleno verão, com muito calor e pouca chuva em Curitiba. Aliás, Curitiba é um bom lugar para livros.O clima é seco e fresco, as temperaturas são sempre amenas. Logo, o clima não é a razão.
Então qual o motivo do fedor da Biblioteca Pública do Paraná?
Falta de limpeza.
Pergunto: Quem está na direção desse lugar. Quem não está mandando fazer o trabalho. Quem está afastando os leitores. Quem iria levar para casa um livro fedorento para ler depois do banho, deitado na cama cheirosa, com aquele fedor de lixo no nariz. Pergunto.
Já o estado dos livros é lamentável. Rasgados. Capas soltas. Folhas soltas. Faltando trechos. Sujos.
Quem está deixando a Biblioteca Pública do Paraná virar um lixo?
QUAL A SOLUÇÃO?
Pois uma solução é urgente!
Como em qualquer área do serviço público, a solução está no trabalho de pessoas VOCACIONADAS.
Gente motivada por interesses altruistas, para os quais uma Biblioteca seja um templo e não um emprego e, no mínimo gostem de ler. Acredito nas boas intenções das pessoas e que o erro é algo humano, inevitável e previsível, mas é preciso reconhecer o que está acontecendo de errado e corrigir. Sé é falta de limpeza, é preciso arranjar pessoal e produtos de limpeza, treinar uns no uso de outros e limpar ambientes e livros. Se é umidade é preciso arejar as salas, climatizar, afastar os livros das paredes, verificar infiltrações e goteiras. Se éfalta de conhecimento, é preciso encontrar pessoas capazes e entendidas no assunto para tomar as providências necessárias. Mas algo precisa ser feito.
É um livro relativamente novo, utilizado para Registro de Nascimento entre os anos de 1961 e 1962.
Constituído de material precário, produto da incipiente indústria brasileira de papel, ainda sem a saudável presença de concorrência local, resultando em papel de massa porosa de má qualidade, apresentando elevado índice de evaporação.
Nos primeiros anos de fabricação do papel nacional, apesar da utilização de árvores nobres retiradas da Floresta Atlântica e das extensas florestas do interior do Sul do País, o processo de industrialização era tosco e econômico, usando-se cola inferior para constituir a massa e equipamentos ineficientes de prensagem. Até hoje, a indústria local de papel não atingiu o grau de perfeição dos livros produzidos na Europa no início do século 20. Os mesmos livros de origem estrangeira até então utilizados pelos cartórios, asseguram muito mais longevidade e qualidade, com as folhas ainda flexíveis e sedosas, resistindo bravamente às variações de temperatura e umidade, com mínima oxidação e evaporação.
O livro é de 300 folhas, medindo 0,45 cm de altura por 0,33 cm de largura, apresentando encadernação não original em capas de papelão cinza cobertos por vulcapel. Separado o miolo da capa, revela que o livro houve pelo menos uma intervenção anterior. Nela, foi acrescentada mais cola à lombada, sobre os rasgões e sobre a costura original, sem que o livro tivesse passado pelo mínimo reparo. Dessa forma, a cola penetrou mais profundamente ainda nos rasgões causados pelo uso contínuo, entranhando-se até a terceira ou quarta folha de cada caderno e pelos orifícios da costura. O livro ainda foi desnecessariamente refilado, ou seja, guilhotinado em cerca de 0,05 cm em cada lado, com perda de parte da numeração e até de parte das anotações manuscritas.
A primeira atitude é retirar o excesso de cola da lombada, junto com os fragmentos de cadarço originais e os fios da costura, também original, que foram deixados na interferência anterior. Em seguida separar com cuidado cada um dos cadernos, observando a numeração para não rasgar desnecessariamente as primeiras folhas de cada um.
Tomar maior precaução com o primeiro e o último caderno, que apresentam folhas fragmentadas e sanfonadas, seja por estarem em contato direto com a única folha de guarda em branco, seja pelo uso de fita tipo durex para reparo de rasgões, o que causou oxidação e endurecimento das fibras do papel. É necessário retirar o durex mais antigo, que se solta facilmente e tentar retirar os mais recentes desde que não comprometam as anotações oficiais. Se houver perda de texto, é preferível deixar o durex recente, pois irá se soltar em curto prazo, apesar de prejudicar bastante o papel.
Separados os cadernos, retirar deles qualquer elemento estranho, como anotações antigas e objetos, limpando com pincel macio as sujidades normalmente encontradas nesses livros, como resquícios de borracha de apagar, fungos, poeira e pelotes de cola.
Limpo e preparado, o miolo do livro está pronto para que se inicie o trabalho de conserto dos rasgões e reforço das dobras.
As ilustrações são, obviamente, de um livro antigo de outra natureza.
O maior trabalho nesse primeiro estágio, é causado pela infeliz interferência anterior, que muito contribuiu para o estado de deterioração atual do livro, que não resistiu ao próprio peso e o miolo se encontrava apoiado diretamente a sobre a prateleira, com deterioração e deformação de todo o canto inferior das folhas.
Um trabalho feito sem conhecimento, sem nenhum respeito pelo documento oficial e sem nenhum compromisso com a qualidade, dificulta ainda mais o trabalho posterior e, por incrível que pareça, pode até custar mais.
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