Para papéis artísticos e principalmente para papéis destinados a documentos públicos, o pH neutro é fundamental para prolongar sua durabilidade.
29 de jul. de 2009
Encadernação, Restauração e Conservação - O Papel
Para papéis artísticos e principalmente para papéis destinados a documentos públicos, o pH neutro é fundamental para prolongar sua durabilidade.
27 de jul. de 2009
Livro para o Pó, de John Fante.
Parece que beatnik está na moda entre algumas pessoas, tanto que ressuscitaram Fante, aquele que nunca devia ser esquecido. Motivado pela curiosidade, fui comprar o livro dele "Pergunte ao Pó", perguntei na Livraria Curitiba do Estação, sentei um pouco para ler e gostei de cara da introdução de Charles Bukowski. Recomendador de primeira. Li um pouco do início e logo vi que era coisa de primeira qualidade. Parei de imediato. Leitura boa é para ler com calma e não no burburinho.
Decisão tomada, fui até o caixa. Inexorável, a moça pôs peço no prazer: R$.31,00 (TRINTA E UM REAIS).
Aí, acenderam-se as lamparinas de meu juízo.
"Trinta e um reais por essa publicação vagabunda! Capinha de papel mole sem orelhas! Folhas do mais barato e vagabundo papel de embrulho que a Editora José Olympio conseguiu comprar! Tão vulgar que já vem amarelado! Troço molemolente na mão da gente!"
Tende paciência! Gostei com certeza, tanto que não me dei conta do que tinha nas mãos. Mas, comprar um bom texto num livro péssimo e ter que testemunhar o pobre se deteriorando rapidamente perante meus olhos, ali na prateleira! Isso não!
Esse pova da editora, o que será que eles acham que a gente faz com livro? Lê escondido, envergonhado, depois vende a quilo no sebo? Lê e joga fora? Lê e recicla? Dá de presente sem ler e sem vergonha?
Gente, livro é para ler e guardar. Para emprestar a quem queremos bem! Para ler de novo daqui a dez anos! Para todo mundo aqui em casa poder ler e o livro ainda fica inteiro.
Cândido, ainda perguntei para a moça que pôs preço no prazer: Não tem uma outra edição melhorzinha? Mesmo mais cara? Tem não.
Não tinha. Não estou num país civilizado que edita livros em capa dura também, para quem tem uma estante onde guardar, que gosta de ter o livro para ao menos olhar as letras da lombada de vez em quando.
Se comprei? Não! Esse não! Vou procurar coisa de melhor qualidade, nem que leve tempo. E se você comprar, esconda quando chegar visita em sua casa.
25 de jul. de 2009
A Biblioteca Pública Fede!
A Biblioteca Pública Fede
Imagine um lugar onde voce possa encontrar os principais títulos publicados em cada categoria, oferecidos gratuitamente a qualquer pessoa. Imagine esse lugar oferecendo de obras de literatura e de diversão, na prosa e poesia, saciando o apetite por leitura de qualquer um.
Agora, imagine esse lugar FEDENDO!
O principal indício de que uma biblioteca, mesmo uma livraiada e até uma estante só. está com problemas, é o CHEIRO. Se cheira, é mofo. E mofo é o resultado de poeira e umidade. Pois LIVRO VELHO NÃO FEDE! Só cheira mal se estiver mal conservado.
Sou capaz de avaliar o estado de conservação dos livros só pelo cheiro.
Cheiro de xixi de aranha marrom, de ratos, de brocas, de cupins. Tudo isso só prospera quando a biblioteca está mal conservada.
Quando acumula poeira. Quando não é arejada. Quando está úmida. Quando está abandonada.
Qual a razão do FEDOR da Biblioteca Pública do Paraná?
Estamos em pleno verão, com muito calor e pouca chuva em Curitiba. Aliás, Curitiba é um bom lugar para livros.O clima é seco e fresco, as temperaturas são sempre amenas. Logo, o clima não é a razão.
Então qual o motivo do fedor da Biblioteca Pública do Paraná?
Falta de limpeza.
Pergunto: Quem está na direção desse lugar. Quem não está mandando fazer o trabalho. Quem está afastando os leitores. Quem iria levar para casa um livro fedorento para ler depois do banho, deitado na cama cheirosa, com aquele fedor de lixo no nariz. Pergunto.
Já o estado dos livros é lamentável. Rasgados. Capas soltas. Folhas soltas. Faltando trechos. Sujos.
Quem está deixando a Biblioteca Pública do Paraná virar um lixo?
QUAL A SOLUÇÃO?
Pois uma solução é urgente!
Como em qualquer área do serviço público, a solução está no trabalho de pessoas VOCACIONADAS.
Gente motivada por interesses altruistas, para os quais uma Biblioteca seja um templo e não um emprego e, no mínimo gostem de ler. Acredito nas boas intenções das pessoas e que o erro é algo humano, inevitável e previsível, mas é preciso reconhecer o que está acontecendo de errado e corrigir. Sé é falta de limpeza, é preciso arranjar pessoal e produtos de limpeza, treinar uns no uso de outros e limpar ambientes e livros. Se é umidade é preciso arejar as salas, climatizar, afastar os livros das paredes, verificar infiltrações e goteiras. Se éfalta de conhecimento, é preciso encontrar pessoas capazes e entendidas no assunto para tomar as providências necessárias. Mas algo precisa ser feito.
23 de jul. de 2009
Encadernando folhas soltas
Procedimentos Iniciais no Restauro de Livros Oficiais
É um livro relativamente novo, utilizado para Registro de Nascimento entre os anos de 1961 e 1962.
Constituído de material precário, produto da incipiente indústria brasileira de papel, ainda sem a saudável presença de concorrência local, resultando em papel de massa porosa de má qualidade, apresentando elevado índice de evaporação.
Nos primeiros anos de fabricação do papel nacional, apesar da utilização de árvores nobres retiradas da Floresta Atlântica e das extensas florestas do interior do Sul do País, o processo de industrialização era tosco e econômico, usando-se cola inferior para constituir a massa e equipamentos ineficientes de prensagem. Até hoje, a indústria local de papel não atingiu o grau de perfeição dos livros produzidos na Europa no início do século 20. Os mesmos livros de origem estrangeira até então utilizados pelos cartórios, asseguram muito mais longevidade e qualidade, com as folhas ainda flexíveis e sedosas, resistindo bravamente às variações de temperatura e umidade, com mínima oxidação e evaporação.
O livro é de 300 folhas, medindo 0,45 cm de altura por 0,33 cm de largura, apresentando encadernação não original em capas de papelão cinza cobertos por vulcapel. Separado o miolo da capa, revela que o livro houve pelo menos uma intervenção anterior. Nela, foi acrescentada mais cola à lombada, sobre os rasgões e sobre a costura original, sem que o livro tivesse passado pelo mínimo reparo. Dessa forma, a cola penetrou mais profundamente ainda nos rasgões causados pelo uso contínuo, entranhando-se até a terceira ou quarta folha de cada caderno e pelos orifícios da costura. O livro ainda foi desnecessariamente refilado, ou seja, guilhotinado em cerca de 0,05 cm em cada lado, com perda de parte da numeração e até de parte das anotações manuscritas.
A primeira atitude é retirar o excesso de cola da lombada, junto com os fragmentos de cadarço originais e os fios da costura, também original, que foram deixados na interferência anterior. Em seguida separar com cuidado cada um dos cadernos, observando a numeração para não rasgar desnecessariamente as primeiras folhas de cada um.
Tomar maior precaução com o primeiro e o último caderno, que apresentam folhas fragmentadas e sanfonadas, seja por estarem em contato direto com a única folha de guarda em branco, seja pelo uso de fita tipo durex para reparo de rasgões, o que causou oxidação e endurecimento das fibras do papel. É necessário retirar o durex mais antigo, que se solta facilmente e tentar retirar os mais recentes desde que não comprometam as anotações oficiais. Se houver perda de texto, é preferível deixar o durex recente, pois irá se soltar em curto prazo, apesar de prejudicar bastante o papel.
Separados os cadernos, retirar deles qualquer elemento estranho, como anotações antigas e objetos, limpando com pincel macio as sujidades normalmente encontradas nesses livros, como resquícios de borracha de apagar, fungos, poeira e pelotes de cola.
Limpo e preparado, o miolo do livro está pronto para que se inicie o trabalho de conserto dos rasgões e reforço das dobras.
As ilustrações são, obviamente, de um livro antigo de outra natureza.
O maior trabalho nesse primeiro estágio, é causado pela infeliz interferência anterior, que muito contribuiu para o estado de deterioração atual do livro, que não resistiu ao próprio peso e o miolo se encontrava apoiado diretamente a sobre a prateleira, com deterioração e deformação de todo o canto inferior das folhas.
Um trabalho feito sem conhecimento, sem nenhum respeito pelo documento oficial e sem nenhum compromisso com a qualidade, dificulta ainda mais o trabalho posterior e, por incrível que pareça, pode até custar mais.
16 de jul. de 2009
Arte Gráfica Pobre Arte
11 de jul. de 2009
A Arte Negra
8 de jul. de 2009
DIGITALIZAR LIVROS E DOCUMENTOS - CUIDADOS.
Procurado por um encadernador de cópias xerox, pediu preço para "um monte de livros que um amigo estava digitalizando".
Que tinha que desmontar os livros para fazer o serviço, querendo saber quanto eu cobrava para fazer as encadernações com a minha qualidade.
Cheirou a malandragem, de cara.
Pensei comigo: algum pobre homem está preocupado com o conteúdo de seus livros e está digitalizando, talvez um juiz ou oficial de cartório ou museólogo, difícil saber. Querendo preservar com qualidade, está penando nas mãos de pessoas que não tem a menor capacidade de fazer um trabalho de qualidade e só estão interessados em faturar em cima.
Dei o meu preço exato e certo, para livros formato ofício, com cerca de trezentas folhas cada, com espelhos de tela, lombada e cantos de couro e uma boa restauração do miolo, seja costurado ou amarrado. Dei o preço, sabendo que nunca mais ia ouvir falar do assunto.
E não foi diferente do que pensei. Infelizmente.
Algum cavalheiro está recebendo um trabalho inadequado por seu dinheiro.
Afirmo sem ver!
Permanece a máxima até hoje inquestionável:
CADA UM TEM O LIVRO QUE MERECE!
Monotipia e Marmorização
♣ A boa técnica da marmorização consiste em dispor uma larga superfície de água, seja numa bacia ou num plástico sobre quatro ripas de madeira do tamanho desejado, jogando sobre sua superfície tinta a óleo, tinta esmalte ou qualquer outra diluída por solvente ou querosene, misturando levemente até obter o efeito desejado e aplicar uma folha de papel. Cuidar para que não fiquem bolhas, batendo levemente sobre a folha ou usando tinta bem diluída, retirar a folha sem virar, deixar a água escorrer, virar e por o papel para secar. O princípio é simples, como qualquer boa técnica.
♣ Outros detalhes podem ser acrescentados para obter diferentes efeitos. Por exemplo, utilizando tintas diluídas com querosene, tiner ou aguarraz para que se misturem menos; usando tintas bem diluídas ou puras para obter texturas diferentes; misturando com um pau, soprando, "penteando" com um pente de dentes bem espaçados ou de agulhas; espessando a água com maisena para controlar o movimento das tintas; adicionando detergente à água para obter pequenos pontos de tinta. Ás vezes, até o vento soprando sobre a superfície da tinta, espalhando-a com delicadeza, forma uma textura suave e dá um efeito bonito.
♣ Se as primeiras ficarem estranhas, tente mais, invente mais. Para obter um efeito pré-determinado, erra cinco. Qualquer que seja o resultado, é sempre aproveitável para alguma finalidade. Nunca fiz uma folha que não fosse possível usar em algum livro. É claro que algumas ficam estranhas, outras ficam tão perfeitas que dá dó utilizar. Mas cada uma tem seu valor.
♣ Um PULO DO GATO: com a tinta quase seca, espalhe TALCO e esfregue com um pano macio com força em círculos, para suavizar os excessos e preencher os vazios.
♣ Uma variação da marmorização em papel que tenho utilizado com sucesso, é a marmorização sobre tela. Faço o tecido com tinta vinil ou latex da forma usual e marmorizo nela, resultando um material perfeito para ser utilizado como “espelho” da capa, ou seja, aquela parte externa do livro entre os cantos e a lombada. Para livros grandes ou que serão muito manuseados, é material resistente e bonito.
♣ Agora, qual a finalidade do papel marmorizado. Sabemos sua função estética, mas qual seria sua utilidade prática?
♣ Uma: forma barreira natural contra traça, brocas e cupins, pragas que não devem gostar de comer tinta. Outra: impede que a primeira folha do livro, a "folha de guarda", sanfone ou engruvinhe, pois reforça o papel. E mais: esconde imperfeições de prensa, espátula, cola e qualquer outra resultante do trabalho do encadernador.
♣ A mais importante FUNÇÃO PRÁTICA do papel marmorizado nas guardas do livro é PROTEGER as folhas da ACIDEZ do papelão e da cola da capa. Se for usado papel em branco, as primeiras folhas do livro vão ficar amareladas, manchadas ou escurecidas.
O uso de substâncias exóticas, como carragenano, espessante para a água, permite o uso de tintas leves à base de água como guaches e até aquarelas. Mas essas tintas à base de água não garantem impermeabilidade e NÃO PROTEGEM as primeiras folhas do livro contra a ACIDEZ do papelão e da cola usada nas capas. É uma técnica muito usada na escola decorativa de encadernação, bastante difundida atualmente. Os resultados obtidos são quase figurativos, com efeitos que podem ser repetidos e não parecem MÁRMORE, como sugere a denominação da técnica em portugues e espanho. Creio que esses efeitos deveriam ser donominados monotipias ou gravuras decorativas em papel.
Seja o papier marble na Fraça, o marmoleado ou o papel al engrudo em espanhol, sua função prática deve estar acima dos efeitos decorativos, contudo sempre harmonizados com a estética da época em que o livro foi impresso e com seu conteúdo.
♣ Estava dando uma oficina no Centro de Criatividade do São Lourenço, quando o presidente da Fundação Cultural de Curitiba fez uma visita surpresa. Foi direto para o monte de papel marmorizado que estávamos fazendo e, antes de tocar nele, disse: "agora estão usando mármore para cortar o papel...?"
♣ Não pretendo que minhas marmorizações sejam gravuras, esse status fica para quem procura resultados artísticos, mas papel para usar em escala razoável no meu artesanato.
Monotipia clássica e belíssima, por Wagner Campelo
Minhas monotipias, óleo sobre papel 66X96 cm
Monotipias óleo sobre tela secando ao sol
Six, Monotipia estranha