5 de fev. de 2017

Valor Histórico e Artístico do Livro Oficial

O Valor Histórico e Artístico do Livro Oficial

Afirmação:

O livro Oficial tem suficiente valor histórico e artístico para ser elevado à categoria de Patrimônio Histórico!

Justificativas:

Os livros oficiais são aqueles preenchidos e guardados pelos Cartórios Civis ou de Registro de Imóveis e neles são oficializados os atos ocorridos na vida civil de todos os cidadãos.

São os livros de Nascimento, Casamento, Óbitos, Escrituras, Procurações, Averbações e tantos outros, que retratam fielmente a história dinâmica de nossa Sociedade.

Através deles, é possível refazer a história de cada indivíduo, traçando a trajetória precisa de sua vida. Seu nascimento, casamento, operações comerciais, problemas pessoais, conflitos e litígios, associações, seu falecimento e o destino de seus bens. Todos os atos são verdadeiros e incontestáveis, pois foram cercados de todas as formalidades que a Lei exige e sobre eles não há controvérsia.

O mais antigo livro data de 1888, data da proclamação da República no Brasil. São exceções a esta regra os livros de "acathólicos", ou seja, pessoas de outras religiões que não a católica, preenchidos em Curitiba pelo Presidente da Província antes de 1888, enquanto os demais livros eram atribuição da Igreja Católica.

Com o evento republicano, os primeiros Cartórios, mais antigos, herdaram os livros de acatólicos e passaram a cuidar de todos os outros.

Além de guardar informações históricas, os livros deste período tem atributos e características únicas. Eram feitos a partir de papéis de alta qualidade e resistência, em sua maioria. Pois, naqueles dias, usava-se papel feito com árvores nobres como, cedro, pinheiro e mogno, então abundantes nas florestas naturais. Produzir papel com essa matéria prima resultava em um produto com fibra longa, resistente ao manuseio e à passagem do tempo. Além disso, têm a estética própria de seu tempo.

A técnica de encadernação não era perfeita, se utilizados critérios clássicos para julgamento. Era apenas a "encadernação comercial" praticada na época e utilizava razoáveis métodos de costura manual ou mecânica e muito couro, percalina e outros acabamentos resistentes. Um detalhe especialmente danoso para a conservação desses livros é a técnica de "meia-cana", que consiste em fazer a lombada falsa em forma de meia lua rija, para forçar a abertura completa do livro como uma alavanca, permitindo manuscrever com a folha completamente plana. Como força as costuras, acaba por rompe-las. 

Este livros trazem a marca do tempo em que foram produzidos, muitos materiais hoje extintos, marmorizações, técnicas fora de uso, dourações primorosas, nervuras e brasões, curiosas etiquetas de fabricante e grafias especiais.

Este conjunto de características retrata e exprime seu próprio período na história.

Muito mais do que documentos oficiais para consulta, verificação e base para emissão de certidões, os livros oficiais são Documentos Históricos.

A responsabilidade por sua guarda e preservação devia ser compartilhada com o Estado, sua existência catalogada e registrada e seu uso fiscalizado para que suas características originais sejam mantidas ou conservadas.

Esta é minha Tese.


Várias fases de encadernação.