Melhorei esse post depois de colaborar na Revista Superinteressante,edição de Junho/2011, sobre o tema:
Recuperação de Livros Molhados
Livros Salvos de Inundação
Secagem de Livros Oficiais
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Com as inundações flagelando tanta gente nesse ano de 2011, resolvi dar uma repaginada nesse post, tornando-o mais prático.
São muitos os eventos que podem desencadear a inundação de um acervo de livros. Problemas de encanamento, ar condicionado defeituoso, goteiras e infiltração do apartamento vizinho afetam os livros de forma superficial e quase sempre de forma localizada. Contudo, as inundações que tem ocorrido em muitas regiões nesta temporada tem atingido acervos de bibliotecas e cartórios. As bibliotecas são constituídas de livros comuns que podem ser repostos, mesmo se esses livros são livros raros ou dispendiosos. Mas os cartórios guardam documentos importantes, os registros públicos únicos e insubstituíveis.
São muitos os eventos que podem desencadear a inundação de um acervo de livros. Problemas de encanamento, ar condicionado defeituoso, goteiras e infiltração do apartamento vizinho afetam os livros de forma superficial e quase sempre de forma localizada. Contudo, as inundações que tem ocorrido em muitas regiões nesta temporada tem atingido acervos de bibliotecas e cartórios. As bibliotecas são constituídas de livros comuns que podem ser repostos, mesmo se esses livros são livros raros ou dispendiosos. Mas os cartórios guardam documentos importantes, os registros públicos únicos e insubstituíveis.
Em qualquer caso, o tempo é essencial para salvar o acervo.
A água pode causar danos desproporcionais à quantidade. Misturada a terra e sujeira, encharca o papel, devendo ser desinfetado para futuro manuseio. O bolor forma-se normalmente a uma temperatura a partir de 21ºC e umidade relativa de 65%, mas pode formar-se em menos de 48 horas depois de uma inundação.
Mas não é apenas o bolor que representa problema. Numa inundação tudo é contaminado por outras pragas, sujeira e bactérias. Mesmo na água que por acaso escorre de um aparelho de ar condicionado que funciona mal ou de uma goteira do telhado pode haver urina de rato. Assim, podem causar doenças sérias com danos à saúde e até mesmo a morte.
Portanto, em primeiro lugar, avalie com critério rígido o que TEM QUE SER RECUPERADO. É preferível PERDER UM LIVRO OU QUALQUER OUTRO OBJETO do que manuseá-lo demais, MESMO COM PROTEÇÃO. Porisso indico o congelamento: não exige muito manuseio.
Se você tiver recursos, se o material é imprescindível, como no caso de Cartórios, siga os seguintes procedimentos:
1-Parar o fluxo de água e afastar a água da zona infectada;
2-Garantir a segurança do pessoal que entra na zona inundada com água parada, usando botas impermeáveis e nunca manuseando os livros atingidos sem proteção de luva de borracha;
3-Retirar o material molhado da zona inundada de maneira ordenada;
4-Pressionar cada livro para retirar o excesso de água, guardar em engradados plásticos com empilhamento de 30 cm no máximo, se muitos, em bacias ou recipientes plásticos abertos e levar para congelamento;
4-Iniciar o processo de Congelamento ou secar o material dentro de 24 horas, com gelo, secagem à vácuo, ou à mão;
Para livros ou qualquer objeto de papel, como álbuns, documentos soltos, deve ser usado o compartimento de congelamento de um refrigerador frost-free caseiro, usualmente de -14ºC. O processo pode durar até dez dias. Existem empresas que podem ceder ou alugar espaço em suas câmaras de até -29ºC, como supermercados, distribuidores de frios e carnes, o que garante maior rapidez no processo e destruição absoluta de todos os insetos e fungos.
O ventilador pode ser usado em fotografias ou documentos soltos, desde que antes seja lavado com esponja umedecida em detergente bactericida. Em livros, não funciona, pois não evita o entumescimento (tumefação) das folhas, as folhas incham e não voltam à espessura original, ficando o livro iremediavelmente deformado e as folhas escurecidas. O pior é que, mesmo depois de seco, o livro fica realmente fedorento e ainda está contaminado. Como as fibras ficaram comprometidas o papel vai ficar quebradiço e frágil
Diplomas, gravuras, telas e documentos importantes podem ser lavados em esponja umedecida em detergente bactericida, depois colocados entre folhas de toalhas de papel, pressionando-as levemente. Trocar as toalhas de papel até que esteja o mais seco possível e deixar secar completamente em ambiente arejado. Não deixar sob o sol, pois o papel vai amarelar por oxidação.
Para retirar manchas de oxidação, deixar em água de torneira corrente por alguns dias até branquear por ação do cloro na água.
Livros feitos de papel couchet, por exemplo, como o material de revistas, se molhados as folhas grudam umas às outras e podem ser considerados perdidos sem remédio.
Mas não é apenas o bolor que representa problema. Numa inundação tudo é contaminado por outras pragas, sujeira e bactérias. Mesmo na água que por acaso escorre de um aparelho de ar condicionado que funciona mal ou de uma goteira do telhado pode haver urina de rato. Assim, podem causar doenças sérias com danos à saúde e até mesmo a morte.
Portanto, em primeiro lugar, avalie com critério rígido o que TEM QUE SER RECUPERADO. É preferível PERDER UM LIVRO OU QUALQUER OUTRO OBJETO do que manuseá-lo demais, MESMO COM PROTEÇÃO. Porisso indico o congelamento: não exige muito manuseio.
Se você tiver recursos, se o material é imprescindível, como no caso de Cartórios, siga os seguintes procedimentos:
1-Parar o fluxo de água e afastar a água da zona infectada;
2-Garantir a segurança do pessoal que entra na zona inundada com água parada, usando botas impermeáveis e nunca manuseando os livros atingidos sem proteção de luva de borracha;
3-Retirar o material molhado da zona inundada de maneira ordenada;
4-Pressionar cada livro para retirar o excesso de água, guardar em engradados plásticos com empilhamento de 30 cm no máximo, se muitos, em bacias ou recipientes plásticos abertos e levar para congelamento;
4-Iniciar o processo de Congelamento ou secar o material dentro de 24 horas, com gelo, secagem à vácuo, ou à mão;
Para livros ou qualquer objeto de papel, como álbuns, documentos soltos, deve ser usado o compartimento de congelamento de um refrigerador frost-free caseiro, usualmente de -14ºC. O processo pode durar até dez dias. Existem empresas que podem ceder ou alugar espaço em suas câmaras de até -29ºC, como supermercados, distribuidores de frios e carnes, o que garante maior rapidez no processo e destruição absoluta de todos os insetos e fungos.
O ventilador pode ser usado em fotografias ou documentos soltos, desde que antes seja lavado com esponja umedecida em detergente bactericida. Em livros, não funciona, pois não evita o entumescimento (tumefação) das folhas, as folhas incham e não voltam à espessura original, ficando o livro iremediavelmente deformado e as folhas escurecidas. O pior é que, mesmo depois de seco, o livro fica realmente fedorento e ainda está contaminado. Como as fibras ficaram comprometidas o papel vai ficar quebradiço e frágil
Diplomas, gravuras, telas e documentos importantes podem ser lavados em esponja umedecida em detergente bactericida, depois colocados entre folhas de toalhas de papel, pressionando-as levemente. Trocar as toalhas de papel até que esteja o mais seco possível e deixar secar completamente em ambiente arejado. Não deixar sob o sol, pois o papel vai amarelar por oxidação.
Para retirar manchas de oxidação, deixar em água de torneira corrente por alguns dias até branquear por ação do cloro na água.
Livros feitos de papel couchet, por exemplo, como o material de revistas, se molhados as folhas grudam umas às outras e podem ser considerados perdidos sem remédio.
Assim, é preciso agir nas primeiras 6 HORAS após a inundação. Há autores que estendem o prazo por até 24 horas, mas a ação deve ser imediata.
Ao contrário do senso comum, não deve abrir o livro ou levá-lo para o sol, nem usar secador ou ventilador.
O melhor método é o de SECAGEM POR CONGELAMENTO A VÁCUO.
O livro deve ser colocado para congelar um câmara frigorífica frost-free a -20ºC, ou mesmo num freezer que funcione no sistema frost-free, existem muitos modelos à venda. Esse sistema funciona retirando a umidade e mantendo a temperatura de congelamento.
Se encapados com tecido, podem ser empilhados diretamente. Se é encadernação com uso de vulcapel (plástico), devem ser separados por uma folha de papel para assar carnes ou mesmo por uma folha de alumínio. É aconselhável o empilhamento em colunas com espaço entre si, para evitar que os livros fiquem deformados.
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No vácuo e a menos de 0ºC, ocorre o fenômeno de SUBLIMAÇÃO, quando os cristais de gelo evaporam sem liquefazer e a umidade é retirada do ambiente.
O processo pode demorar mais de dez dias, conforme a quantidade.
Depois de secos, devem passar por desinfecção, limpeza e reencadernados, se necessário.
Se o seu acervo for atingido, procure um supermercado, um distribuidor de frios, dentre empresas que tenham câmaras frigoríficas à vácuo. Solicite auxilio ou alugue espaço nesses locais.
LEMBRE-SE: PENSE PRIMEIRO EM SUA PROTEÇÃO E SEGURANÇA.
Se o seu acervo for atingido, procure um supermercado, um distribuidor de frios, dentre empresas que tenham câmaras frigoríficas à vácuo. Solicite auxilio ou alugue espaço nesses locais.
LEMBRE-SE: PENSE PRIMEIRO EM SUA PROTEÇÃO E SEGURANÇA.
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OUTROS MÉTODOS
Exitem métodos para secagem de livros e documentos molhados. Contudo, nenhum deles RESTAURA o material, pois qualquer que seja o procedimento, o material não recupera a mesma condição anterior ao evento.
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SECAGEM AO AR
Para documentos em folhas separadas, pequenos livros ou moderadamente umidos. O livro é prensado para retirar o excesso e desmontado. As folhas são limpas, espalhadas, cobertas com tecido ou papel toalha e submetidos a ventilação constante. Demanda muito cuidado para que não rasgue ou fique distorcido e amplo espaço para trabalho. Pela aplicação de mão de obra, é trabalho de alto custo.
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DESUMIDIFICAÇÃO
DESUMIDIFICAÇÃO
Tambem para livros moderadamente molhados. Consiste em usar máquinas de desumidificação a frio diretamente no ambiente. É o método mais precário.
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SECAGEM POR CONGELAMENTO
Usado nos livros ainda úmidos numa câmara frigorífica Os livros precisam ser congelados ainda molhados, apertados e separados com papel de congelamento, levados à câmara frigorífica com temperatura por volta de -23 graus, para reduzir distorções. O processo leva até algumas semanas.
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SECAGEM TÉRMICA A VÁCUO
É necessária câmara especial para o processo. Consiste em submeter o livro ainda molhado e congelado a um ambiente a vácuo, com uma fonte de calor. Para materiais muito danificados pela água, é a melhor solução, mas exige ambiente especial e equipamento semelhante ao ar condicionado. Não evita tumefação e fundição do papel.
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RESTAURO E ENCADERNAÇÃO
Em todos os casos, será necessário reencadernar os livros, restaurando-os no processo, pois a água dilui as colas usadas, seja ele a orgânica e mais antiga, seja a cola branca mais moderna.
Além disso, a restauração vai desinfetar e limpar as folhas, permitindo que o livro possa ser novamente manuseado, bem como a encadernação vai proteger as frágeis folhas sobreviventes da inundação.
Todo o livro molhado fica mais frágil e é dispendioso e demorado fazer todo o restauro necessário. Por exemplo, o processo de limpeza e branqueamento é feito folha por folha, cada uma delas devendo ficar por dias debaixo de ÁGUA CLORADA CORRENTE. Sendo técnica utilizada apenas para livros raros, gravuras valiosas e documentos históricos. É impraticável quando o material comprometido é abundante mas os recursos financeiros são limitados.
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É LEITURA OBRIGATÓRIA a todos os responsáveis por documentos públicos, o "Caderno Técnico" do Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos. Ali são descritos cuidados, técnicas e procedimentos que devem ser adotados em caso de inundação.
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SALVANDO LIVROS
Tenho lido relatos de cartorários e suas providências para salvar o acervo.
Passado o desespero inicial, adotaram práticas tardias, como secar com papel absorvente, folha por folha, encadernando com técnica ligeira e outros procedimentos ingênuos apesar de utilizados por técnicos na área. Cuidado na escolha da solução! Pode ser mais ampla e simples, com menor custo e qualidade superior na encadernação, respeitando a integridade do livro. Não permita que explorem sua aflição com soluções dispendiosas.
PROCEDIMENTOS DE RECUPERAÇÃO
Os procedimentos adotados em Paraitinga, São Paulo, para os livros encharcados em inundação, obtiveram os resultados que a equipe de encadernadores haviam estabelecido.
O livro apresentado pela equipe, apresenta-se limpo, ligeiramente entumecido, tendo sido refilado para limpeza das laterais das folhas, o que é visível pelo pouco espaço de margens. A técnica utilizada para manter as folhas coesas e manuseáveis, foi a de Pasta, que consiste em PERFURAR as folhas e uni-las por parafuso. Logo, não é um Livro e nem um Bloco. A capa é de papelão cinza coberto por vulcapel, com revestimento interno apenas em papel branco, podendo ser visto um exemplar ainda sobre a mesa.
Tendo por critério a resistência do volumoso livro ao manuseio, a Pasta é frágil pelos seguintes motivos: Se guardado em pé na prateleira, os furos vão ceder, as folhas vão se apoiar diretamente na prateleira, as capas vão ficar puídas e o vulcapel vai rasgar na retirada e colocação do livro.
Qualificar o resultado obtido como "restauração", não é apropriado, pois não foram respeitadas as características originais dos livros, provavelmente dos anos de 1950 em diante, tarefa que demandaria maiores conhecimentos da equipe e que jamais seria satisfatoriamente concluida pelas limitações de material adequado às quais todos os encadernadores atuais estão sujeitos.
A técnica que eu utilizo é a de unir as folhas por serrotagem e amarração, utilizando capas tradicionais de material mais resistente, como couro e tecido, que não representam custo muito maior e dão ao conjunto (ainda não um Livro, mas um Bloco) resistência ao manuseio, preservação do conteúdo e longevidade indefinida.
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