A boa técnica de encadernação clássica implica numa sequência de procedimentos realizados de maneira correta e segura.
Com a banalização do livro nos últimos quinhentos anos, banalizou-se também a técnica, ficando reservada aos livros de grande valor bibliográfico ou documental.
Novos procedimentos passaram a ser adotados nos livros comuns, bem como novos materiais. O Encadernador passou a exercer outros ofícios, como o de Restaurador e de Dourador, na tentativa de agregar valor à sua atividade.
A grosso modo, identificamos que existem atualmente três escolas, ou vertentes da Encadernação. A Clássica, a Decorativa e a Comercial.
Aquela onde são utilizadas técnicas manuais demoradas e elaboradas, com utilização de materiais nobres e absoluto respeito à obra encadernada.
Utiliza-se de princípios elementares da encadernação clássica, privilegiando o efeito decorativo segundo preferências pessoais do encadernador, a partir de sua etnia e cultura particular ou das tendências e modismos de seu tempo. É também chamada "Encadernação de Arte" ou "Contemporânea" e faz uso indiscriminado de materias nobres e sintéticos.
Conjunto de técnicas básicas que se utiliza de materiais sintéticos e privilegia o baixo custo e a padronização, indiferente ao conteúdo e valor da obra encadernada. Atende à demanda por livros didádico-acadêmicos, fiscais e obras populares.
São suas características a fragilidade e o baixo custo.
Com a banalização da arte de encadernar, vem ocorrendo a perda de seus valores básicos e a confusão entre estas três escolas de encadernação.
Encadernações que meramente imitam o design clássico, com aplicações de ferros, marcações e dourações sobre material sintético.
Ao confrontar qualquer pessoa que se utiliza regularmente de serviços de encadernação, enfrento o pior inimigo de todos os encadernadores: A IGNORÂNCIA.
Tenho constadado que o cliente, seja ele um bibliófilo, um cartorário e qualquer pessoa leiga, não tem a menor idéia do que seja um "livro" e o que seja "encadernação" pois até então conhece somente encadernações comerciais frágeis e efêmeras.
Prova dessa realidade é demonstrada num vídeo recentemente divulgado, mostrando um livro sendo desmontado, reparado, costurado, recebendo indefectível cabeceado e uma capa em tecido.
É necessário alertar aos meus clientes e amigos, que essa não é a técnica clássica de restauração. É uma técnica de reparação, parcialmente correta.
Utiliza-se de diversos procedimentos inadequados, como:
* Passar pó de borracha para limpeza diretamente com as mãos, transfere ao papel a gordura dos dedos.
* Aplicar papel de arroz diretamente sobre o texto com cola ácida, aparentemente de base PVA.
* Usar tiras de tecido coladas e enrroladas, para a costura, que são muito abrasivas e ferem as folhas frágeis do velho livro.
* Colar a folha de rosto nova diretamente ao longo da lateral da primeira e da última folha do livro, provocando o sanfonamento da primeira folha do livro.
* Bater a lombada de um livro de folhas frágeis e quebradiças e DEPOIS de colar.
* Costurar o cabeceado com grossos fios abre brechas para entrada de poeira, insetos, umidade e acelera o ressecamento do papel.
* Usa folha em branco para a guarda, mas deveria ter usado uma folha de guarda envelhecida e da mesma cor do resto da obra ou uma folha marmorizada, protegendo o livro da acidez das colas da capa.
* Rejeitou o couro original e usou o papelão velho. O couro original precisa ser conservado, mesmo um fragmento, e é adequado usar papelão novo para dar mais estrutura ao livro. Mas não! Jogou o couro fora e usou o papelão!
* A jovem trabalha com pó de borracha e limpa com escova SEM NENHUMA PROTEÇÃO.
* Por fim, dá acabamento ao trabalho com TECIDO comum, que não respeita a integridade da obra centenária, nem sua história. Seria obrigatório usar couro parecido com o original.
Não sei a origem do vídeo, sem som, e acredito que os encadernadores não tiveram a pretensão de que esse fosse um trabalho de restauração. É apenas um trabalho de conserto, provavelmente de orçamento limitado.
Com a banalização do livro nos últimos quinhentos anos, banalizou-se também a técnica, ficando reservada aos livros de grande valor bibliográfico ou documental.
Novos procedimentos passaram a ser adotados nos livros comuns, bem como novos materiais. O Encadernador passou a exercer outros ofícios, como o de Restaurador e de Dourador, na tentativa de agregar valor à sua atividade.
A grosso modo, identificamos que existem atualmente três escolas, ou vertentes da Encadernação. A Clássica, a Decorativa e a Comercial.
Aquela onde são utilizadas técnicas manuais demoradas e elaboradas, com utilização de materiais nobres e absoluto respeito à obra encadernada.
A Encadernação Decorativa
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Bela e apropriada "Contemporânea" de Sergio Pitol, |
Conjunto de técnicas básicas que se utiliza de materiais sintéticos e privilegia o baixo custo e a padronização, indiferente ao conteúdo e valor da obra encadernada. Atende à demanda por livros didádico-acadêmicos, fiscais e obras populares.
São suas características a fragilidade e o baixo custo.
Com a banalização da arte de encadernar, vem ocorrendo a perda de seus valores básicos e a confusão entre estas três escolas de encadernação.
Encadernação mista
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Imitação de Clássico, A.Solarov |
Ao confrontar qualquer pessoa que se utiliza regularmente de serviços de encadernação, enfrento o pior inimigo de todos os encadernadores: A IGNORÂNCIA.
Tenho constadado que o cliente, seja ele um bibliófilo, um cartorário e qualquer pessoa leiga, não tem a menor idéia do que seja um "livro" e o que seja "encadernação" pois até então conhece somente encadernações comerciais frágeis e efêmeras.
Prova dessa realidade é demonstrada num vídeo recentemente divulgado, mostrando um livro sendo desmontado, reparado, costurado, recebendo indefectível cabeceado e uma capa em tecido.
É necessário alertar aos meus clientes e amigos, que essa não é a técnica clássica de restauração. É uma técnica de reparação, parcialmente correta.
Utiliza-se de diversos procedimentos inadequados, como:
* Passar pó de borracha para limpeza diretamente com as mãos, transfere ao papel a gordura dos dedos.
* Aplicar papel de arroz diretamente sobre o texto com cola ácida, aparentemente de base PVA.
* Usar tiras de tecido coladas e enrroladas, para a costura, que são muito abrasivas e ferem as folhas frágeis do velho livro.
* Colar a folha de rosto nova diretamente ao longo da lateral da primeira e da última folha do livro, provocando o sanfonamento da primeira folha do livro.
* Bater a lombada de um livro de folhas frágeis e quebradiças e DEPOIS de colar.
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Cabeceado grosso |
* Usa folha em branco para a guarda, mas deveria ter usado uma folha de guarda envelhecida e da mesma cor do resto da obra ou uma folha marmorizada, protegendo o livro da acidez das colas da capa.
* Rejeitou o couro original e usou o papelão velho. O couro original precisa ser conservado, mesmo um fragmento, e é adequado usar papelão novo para dar mais estrutura ao livro. Mas não! Jogou o couro fora e usou o papelão!
* A jovem trabalha com pó de borracha e limpa com escova SEM NENHUMA PROTEÇÃO.
* Por fim, dá acabamento ao trabalho com TECIDO comum, que não respeita a integridade da obra centenária, nem sua história. Seria obrigatório usar couro parecido com o original.
Não sei a origem do vídeo, sem som, e acredito que os encadernadores não tiveram a pretensão de que esse fosse um trabalho de restauração. É apenas um trabalho de conserto, provavelmente de orçamento limitado.
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Limpando com Proteção
reliure classique
classic bookbinding
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