21 de out. de 2009

BEM VINDO O E.BOOK


Com a abertura do Kindle
e a anunciada livraria on-line do Google,
editores acham que o sucesso do formato é questão de tempo.
Frankfurt - O inglês Richard Charkin, diretor executivo da editora Bloomsbury, é um homem bonachão, que arranca gargalhadas com quase tudo o que fala. Du­­rante um encontro sobre o futuro do e-book (que atraiu o dobro de pessoas em relação à capacidade do espaço designado pelos organizadores da Feira de Frank­furt), ele conseguiu ser sério pelo menos uma vez: “Neste Natal, duvido que alguém vá gostar de receber um livro eletrônico, preferindo ainda o formato no pa­­pel. Mas não sei como será no pró­­ximo ano.”
Como era esperado, o livro di­­gital atraiu pequenas multidões quando foi discutido. E o encontro sobre o tema em Frankfurt re­­­cebeu um upgrade com o anún­­cio da empresa Google, que planeja lançar uma loja on-line de livros eletrônicos de qualquer dispositivo com um navegador da web, amea­­­­çando o crescente mercado de leitores dominado pelo Kin­dle, da Amazon. O projeto pretende lançar edições no primeiro semestre do próximo ano, oferecendo inicialmente cerca de meio milhão de e-books em parceria com as editoras com as quais já negociou os direitos digitais. “Não estamos focados em apenas um tipo de suporte eletrônico”, disse Tom Turvey, diretor de Parcerias Estratégicas do Google, em uma coletiva de im­­prensa em Frankfurt.

Os boatos sobre uma loja eletrônica de livros by Google eram antigos e persistentes, e cresciam à mesma velocidade com que a Amazon vendia seus aparelhos Kindle. Mas o que a empresa anunciou é bem diferente do modelo de negócios que turbinou as vendas do Kindle e de outros aparelhos do gênero, como os leitores da Sony. Os livros vendidos pelo Google não serão copiados para o dispositivo do usuário, mas serão mantidos na internet – “na nuvem”, para usar o conceito da moda, o cloud computing.
O que estará à venda é o direito de acesso ao livro, não o arquivo em si.

Isso significa que eles poderão ser lidos não apenas por dispositivos especiais de leitura, mas por qualquer máquina equipada com um browser para acesso à rede. Pode ser um leitor de ebooks, mas também um celular, um notebook ou tablet, um desktop e até a sua geladeira (desde que ela rode o Explorer, Firefox, Safari, Chrome ou outros do gênero). Por isso o anúncio provocou tanto frisson. Se dispositivos como o Kindle colocavam em xeque o gigantismo das bibliotecas, já que um único aparelho poderia armazenar centenas de exemplares, a novidade é uma ameaça até para essas maquininhas. Está, portanto, cada vez mais difícil prever o futuro da indústria editorial.

O anúncio veio uma semana depois de a Amazon ter confirmado que vai liberar o uso do Kin­dle para mais de cem países além dos Estados Unidos, elevando sua posição de liderança em um mercado pequeno, mas de crescimento rápido, em que os seus concorrentes incluem o Sony e-Reader. “São decisões importantes, pois o consumidor ainda não sabe como escolher”, comentou Ronald Schild, diretor da empresa de marketing MVB, que participou do debate ao lado de Richard Charkin. Mas, ele acredita que a indecisão logo vai terminar. “Hoje, com nossa rotina dominada por aparelhos eletrônicos, as pessoas leem mais textos em meios eletrônicos do que em papel”, observou Andrew Savicas, vice-presidente da O’Reilly Media, editora norte-americana cujo fundador, Tom O’Reilly, cravou o termo Web 2.0.

Direitos autorais

Os números confirmam uma leve transferência para o mercado editorial – segundo a empresa de pesquisas Forrester, cerca de 3 milhões de leitores digitais serão vendidos nos Estados Unidos, contra uma previsão inicial de um milhão, um au­­mento favorecido por preços mais baixos, va­­riação no conteúdo e melhor dis­­tribuição. O problema mais crucial continua sendo a discussão sobre direitos autorais. Contra as reclamações de que vai disponibilizar livros fora de catálogo mas cujos direitos ainda persistem, o Google rebateu, afirmando que a versão eletrônica abrirá novas possibilidades comerciais para a obra. “Esse assunto é o mais delicado nessa história”, co­­mentou a agente literária Lúcia Riff.

Apesar de o mercado brasileiro ainda estar ligeiramente distante do mundo digital, ela contou que já acrescenta adendos aos contratos de seus autores (e ela edita escritores do naipe de Luis Fernando Verissimo) in­­cluindo o formato e-book. “É preciso fazer uma adaptação, ainda com o mercado incerto.”

Finalmente no Brasil, acesso ilimitado ao e.book apple.
Os e.books estão se espalhando pelo mundo. Festejemos!

É um leitor elêtronico de textos, um objeto que acompanha o tamanho padrão de um livro, tem tela sensível ao toque e conexão sem fio. Poderemos pagar uma assinatura de jornal e receber as notícias diariamente, poderemos ler livros on-line ou baixar, tudo através de assinaturas e adesões, é claro.
Pouquíssimos os questionamentos contra o sistema. Um deles é que o livro que você compra pode, de repente, sumir de sua biblioteca virtual pessoal, como o caso envolvendo obras de H. G. Wells, onde o herdeiro retirou os direitos do Google e deixaram de estar disponíveis. Mas esse foi caso isolado. Com a entrada da Barnes & Noble, com a disseminação da Apple por outros países, quase duzentos mil títulos estarão disponíveis. Portanto, sejamos receptivos ao sistema.

Qual a lógica que leva um encadernador clássico ao dar a mais calorosa e sincera Boas Vindas ao novo artefato tecnológico que permite leitura de milhares de livros?
Vamos poder reduzir bastante o enorme desperdício de papel!
A pobre Indústria Gráfica mundial tem critérios estranhos quando edita um livro. Se o autor vende bem, os livros são impressos com fontes enormes e espaços desproporcionais entre as linhas e entre os parágrafos, resultando em livros com quase mil folhas. Se o autor é desconhecido ou vai vender com dificuldade, as fontes são pelo menos quatro pontos menores e é grande a economia de papel. A indústria não pensa em vender bons livros a bom preço, mas em empurrar livros enormes de autores populares a preço alto.
Se a impressão é direcionada, o material e a encadernação atendem ao princípio da rápida obsolescência, pois o autor popular que vende bem é fenômeno passageiro que deve ser aproveitado antes de ser esquecido. Logo, o livro não precisa ser durável. É feito de papel de alta acidez e baixo custo, com estrutura de encadernação que mal resiste à primeira leitura. A capa é normalmente de papel couchet 180 gramas, altamente perecível e deformável, contendo ilustração que vai da mera cópia do original estrangeiro ou é simplesmente óbvia, com papel apenas informativo ou publicitário, sem acrescentar à obra qualquer valor ou elemento.
Na atualidade, o livro é:
1) uma forma de entretenimento saudável e proveitosa;
2) um recurso indispensável aos estudantes;
3) um recurso indispensável aos profissionais e intelectuais.
Em todas as hipóteses, o livro é meramente um meio para atingir um determinado fim. Alcançado o objetivo, é descartado.
Os casos em que o livro obtido é guardado como uma preciosidade, por pessoas que gostam do objeto em si, são raros.
Convenhamos, guardar os livros perecíveis editados hoje em dia é um desafio.
Principalmente para centenas de edições absolutamente efêmeras , o ebook é uma solução ecologicamente correta e de uma praticidade sem paralelo.
Por exemplo, os Vade Mecum - publicações de cunho juridico trazendo todo o transitório conjunto de Códigos - que são livros enormes (com 1.837 folhas na 7a. edição, de 2009, da Saraiva) ficam desatualizados em menos de um ano e precisam ser substituídos por todos os advogados e estudantes de Direto do País. É um horror. Se pelo menos esse livro estivesse disponível em ebook, milhares de pessoas ficariam gratas. Por uma assinatura razoável, teriam acesso a informações atualizadas on-line.
Este e muitos outros, prestam-se a estar disponíveis em ebook. Milhões de árvores serão salvas no processo, mais o prejuízo ambiental da fabricação do papel e da tinta.
E, como conseqüência final, as editoras vão precisar
fazer livros melhores que vale a pena comprar.
Antes de qualquer coisa, respeito muito o papel e acho que é um recurso tão precioso que deve ser destinado apenas a obras de longa vida. Obras de algum valor, seja documental, literário ou pessoal.
Além do mais, um livro tradicional não consome energia;
está sempre ali, à mão;
permite anotações pessoais;
não é ambicionado pelos ladrões;
pode ser emprestado ou trocado;
você pode dar de presente ou doar a quem não pode comprar;
é inteiramente e só seu!
Compre já o seu ebook, para ler as deliciosas porcarias do Crepúsculo, ou do Stephen King e de tantos outros, absolutamente indispensáveis para desopilar a cabeça, mas tão frívolos que não fazem a menor falta na biblioteca e todo e qualquer livro descartável que você seja obrigado a adquirir.