ALERTA AOS TITULARES E EMPREGADOS DE CARTÓRIOS
Num post anterior, abordei o assunto da contaminação de bibliotecas por agentes tóxicos, principalmente o BHC e o DDT. Fui genérico na abordagem e citei casos reais, mas o problema é mais específico, exigindo ação urgente.
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No momento, estou atuando num acervo de livros de cartório que nunca sofreram interferência e tenho encontrado grandes quantidades do material tóxico ainda presentes. São livros de cartório antigos, desde 1898. Em algum momento entre os anos 60 e 80, foi utilizada generosa quantidade de pó de BHC para eliminar os cupins e brocas dos livros. Este pó foi aplicado principalmente na lombada, por dentro da capa, permanecendo ali até hoje.
Nesta semana, ao desfazer um desses livros para o restauro,encontrei uma quantidade exagerada de pó de BHC entre as folhas e no interior da lombada. O cheiro e a cor ainda eram os caracteristicos do produto. Apesar de imediatamente tomar precauções ainda sinto os efeitos do veneno nos lábios, que estão levemente inchados. O BHC e o DDT tem efeito residual indeterminado e podem permanecer com a mesma toxicidade indefinidamente.
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Fatalmente, cada vez que alguém consulta um desses livros, termina por fazer contato com o pó, pois mesmo os mais antigos são obrigatoriamente consultados para a emissão de certidões e anotação de averbações, fato que ocorre diariamente nesse cartório e em qualquer outro.
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Os danos à saúde são imediatos, bastando um só contato para fazer mal à mucosa bucal e nasal. O contato prolongado e diário provoca lesões profundas no organismo humano e doenças normalmente fatais, como o câncer. Há estudos extensos, disponíveis à mais superficial pesquisa.
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Portanto é preciso reconhecer que o problema existe em muitos cartórios por esse Brasil afora e tomar providências para salvaguardar a saúde das pessoas que manipulam esses livros e qualquer pessoa que frequente o ambiente. O pó é volátil, se espalha por todo o ambiente com facilidade a cada manuseio e é danoso mesmo em pequenas quantidades.
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O alerta serve principalmente aos novos titulares de cartório que estão assumindo cargos por concurso e que não tem conhecimento da história do cartório.
Seria crucial saber da incidência de doenças respiratórias, de alergias e mesmo do histórico de pessoas ligadas ao cartorio que desenvolveram câncer. Infelizmente, os resultados de uma pesquisa dessa natureza iriam revelar que há coincidências.
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Porém, há um problema de ordem prática: esses livros são documentos públicos que devem ser usados regularmente pelo cartório e não podem ser simplesmente INTERDITADOS, como nos obrigaria o bom senso.
O uso de máscaras, luvas, roupas e toucas para manipular com segurança um livro infectado é inviável para qualquer cartório, não sendo nem um pouco eficientes.
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Resta o recurso de proceder a limpeza do livro por profissional, eliminado as capas antigas e o excesso de veneno.
Em seguida, os livros devem ser digitalizados para consulta futura e guardados em embalagens plásticas, fora do alcance de todos e ficando disponíveis apenas para verificações que sejam justificadamente necessárias e com todos os cuidados possíveis.
Tal providência é urgente e necessária.
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Há um bom estudo sobre o assunto no artigo DDT (DICLORO DIFENIL TRICLOROETANO): TOXICIDADE E CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL - UMA REVISÃO
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É um assunto sério e que deve ser enfrentado para preservar a SAUDE e mesmo a VIDA das pessoas.
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E podem me chamar de "Doutor Livro" se lhes aprouver, mas o assunto é sério.
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