22 de jul. de 2011

Livros com BHC e DDT - Um Alerta!

ALERTA AOS TITULARES E EMPREGADOS DE CARTÓRIOS
O PERIGO DE LIVROS CONTAMINADOS


Num post anterior, abordei o assunto da contaminação de bibliotecas por agentes tóxicos, principalmente o BHC e o DDT. Fui genérico na abordagem e citei casos reais, mas o problema é mais específico, exigindo ação urgente.

Em minha atividade já encontrei alguns exemplares de livros que apresentavam leves resquícios de contaminação, principalmente por se tratar de exemplares onde um encadernador anterior já havia trabalhado. Assim, as capas originais já haviam sido retiradas e as folhas refiladas, locais onde se concentrava a maior parte do pó de BHC ou do DDT.
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No momento, estou atuando num acervo de livros de cartório que nunca sofreram interferência e tenho encontrado grandes quantidades do material tóxico ainda presentes. São livros de cartório antigos, desde 1898. Em algum momento entre os anos 60 e 80, foi utilizada generosa quantidade de pó de BHC para eliminar os cupins e brocas dos livros. Este pó foi aplicado principalmente na lombada, por dentro da capa, permanecendo ali até hoje.
Nesta semana, ao desfazer um desses livros para o restauro,encontrei uma quantidade exagerada de pó de BHC entre as folhas e no interior da lombada. O cheiro e a cor ainda eram os caracteristicos do produto. Apesar de imediatamente tomar precauções ainda sinto os efeitos do veneno nos lábios, que estão levemente inchados. O BHC e o DDT tem efeito residual indeterminado e podem permanecer com a mesma toxicidade indefinidamente.
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Fatalmente, cada vez que alguém consulta um desses livros, termina por fazer contato com o pó, pois mesmo os mais antigos são obrigatoriamente consultados para a emissão de certidões e anotação de averbações, fato que ocorre diariamente nesse cartório e em qualquer outro.
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Os danos à saúde são imediatos, bastando um só contato para fazer mal à mucosa bucal e nasal. O contato prolongado e diário provoca lesões profundas no organismo humano e doenças normalmente fatais, como o câncer. Há estudos extensos, disponíveis à mais superficial pesquisa.
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Portanto é preciso reconhecer que o problema existe em muitos cartórios por esse Brasil afora e tomar providências para salvaguardar a saúde das pessoas que manipulam esses livros e qualquer pessoa que frequente o ambiente. O pó é volátil, se espalha por todo o ambiente com facilidade a cada manuseio e é danoso mesmo em pequenas quantidades.
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O alerta serve principalmente aos novos titulares de cartório que estão assumindo cargos por concurso e que não tem conhecimento da história do cartório.
Seria crucial saber da incidência de doenças respiratórias, de alergias e mesmo do histórico de pessoas ligadas ao cartorio que desenvolveram câncer. Infelizmente, os resultados de uma pesquisa dessa natureza iriam revelar que há coincidências.

Porém, há um problema de ordem prática: esses livros são documentos públicos que devem ser usados regularmente pelo cartório e não podem ser simplesmente INTERDITADOS, como nos obrigaria o bom senso.
O uso de máscaras, luvas, roupas e toucas para manipular com segurança um livro infectado é inviável para qualquer cartório, não sendo nem um pouco eficientes.
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Resta o recurso de proceder a limpeza do livro por profissional, eliminado as capas antigas e o excesso de veneno.
Em seguida, os livros devem ser digitalizados para consulta futura e guardados em embalagens plásticas, fora do alcance de todos e ficando disponíveis apenas para verificações que sejam justificadamente necessárias e com todos os cuidados possíveis.
Tal providência é urgente e necessária.
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 Há um bom estudo sobre o assunto no artigo DDT (DICLORO DIFENIL TRICLOROETANO): TOXICIDADE E CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL - UMA REVISÃO
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É um assunto sério e que deve ser enfrentado para preservar a SAUDE e mesmo a VIDA das pessoas.
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E podem me chamar de "Doutor Livro" se lhes aprouver, mas o assunto é sério.
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