22 de dez. de 2009

Encadernação Japonesa e Chinesa

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Para o livro chegar à forma que nós conhecemos, passou por uma gradual evolução sempre associada às matérias primas disponíveis.

Para registrar as primeiras formas de expressão gráfica, sabemos das pinturas nas paredes de rocha em locais de encontro e cavernas. À medida em que os sons foram ganhando sinais que os representavam, evoluiu o conjunto de letras do alfabeto. As tentativas iniciais foram feitas em pedaços de argila, depois em tábuas de madeira que até podiam ser ligadas entre si.

Um salto evolutivo importante foi dado 2.200 anos antes de Cristo, com a utilização do miolo do talo de junco, cortado em tiras finas, macerado em vinagre, disposto em fileiras verticais e horizontais sobrepostas e prensadas por dias para que o glúten natural da planta agisse como aderente, para fabricação do papiro. Era então enrolado e guardado numa caixa cilíndrica de couro ou cedro. Foi a primeira técnica de preservação do livro.
Evoluindo e disseminando o livro, os rolos foram ficando mais compridos e de difícil manuseio, até que passaram a ser cortados em folhas,  que eram dobradas e reunidas em grupos de quatro a
seis, costuradas na dobra e protegidas por tábuas de madeira. São as primeiras encadernações própriamente ditas.

No século II, a China começou a produzir papel para escrita com fibras de cânhamo ou de casca de árvore. Segundo os registros da "História do Período Posterior da Dinastia Han" do século V, o marquês TSai Lun (?-125) dos Han do Este (25-220 D.C.) produziu papel a partir de 105 D.C com materiais baratos - casca de árvore, extremidades de cânhamo, farrapos de algodão e redes de pesca rasgadas. Apesar de abundante no Oriente, seu uso para feitura de livros ocidentais só aconteceu séculos depois, por volta de 1.150. Diz-se que, no ano de 751 d.C.,  dois chineses foram aprisionados por árabes e revelaram o segredo da fabricação em troca da liberdade.
Apesar de inventores da mais apropriada forma para registro da expressão gráfica, os chineses não utilizam a tecnica de "encadernação", mas sim a de "blocagem", pois as folhas podem ser juntadas por colagem.

E, mesmo quando reunem as folhas em "cadernos", são amarradas.
Entre a blocagem Japonesa e a Chinesa tradicional existem apenas diferenças muito pequenas, sendo mais evidentes no acabamento da capa do que na estrutura do livro. Como na questão da equidistância dos furos de amarração.
A desvantagem desses sistema de blocagem, seja por amarração ou por colagem, é que as folhas são fatalmente dobradas no manuseio do livro, ao invés de abrirem naturalmente quando devidamente costuradas. Mesmo o papel mais resistente acaba partindo.
Esta técnica pode ter aplicação vantajosa quando usada para álbuns fotográficos, que pedem robustez e durabilidade, feitos de papel com fibras resistentes e média alcalinidade.

A técnica mais rasteira, aplicada atualmente aos livros feitos de folhas soltas impressas em computador, como em registros contábeis, cartórios, monografias, é a de furar as folhas e amarrar. Além da precariedade daestrutura, pois os furos amplos fazem o miolo do livro ficar deformado e cair, a abertura sempre será forçada, comprometendo a integridade do papel.

Logo, o termo "encadernação" não deve ser utilizado para essas técnicas, pois os cadernos não são costurados em cadeia para constituir o livro.

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