9 de ago. de 2010

Clima seco e o ressecamento de papel e livros

Depois  de enfrentar primavera e verão com alagamentos e elevada umidade do ar, o inverno nos traz dias de clima seco.
Estas situações climáticas extremas produzem efeitos igualmente nocivos para o papel e algum cuidado é necessário.



Para acervos valiosos, como em museus e bibliotecas, a umidade do ar é mantida em torno de 50% graças a cuidados com isolamento do local e sistemas de condicionamento do ar diariamente calibrado por higrômetro.
Contudo, a imensa maioria dos outros livros está guardada em locais comuns, como numa estante em nossa casa, em bibliotecas públicas de grande fluxo de pessoas, em acervos particulares onde o dono prefere os livros expostos nas paredes do que protegidos em uma sala climatizada, em bibliotecas escolares que já fazem muito por simplesmente existirem, em inumeráveis situações e em salas ou armários de cartórios. Como em todos esses ambientes é essencial que o livro esteja ao alcance dos interessados, por comodidade ou praticidade, ficam permanentemente expostos a variações de umidade.
Exemplos extremos
Um livro guardado em sala com intensa circulação de pessoas, num cartório instalado em um casarão antigo de Paranaguá, porto marítimo do Paraná. Está tão úmido que seria possivel torcer e ver gotejar água. A capa de papelão com acabamento em lona está mole e solta, pois a cola orgânica antiga amolece com a umidade. Todas as folhas estão umidas, desde as iniciais até as mais internas. Há amostras de cupins em todos os estágios do inseto: ovos, larvas, cupins adultos e restos de cupins mortos.
Um livro de uma cidade do norte no Paraná está completamente ressecado, com as folhas quebradiças que se partem ao menor descuido, com quase todas apresentando pequenos rasgões na área perto das costuras onde as folhas se dobram quando o livro é aberto.
Dois exemplos extremos de livros sob condições mais ou menos estáveis. Mas essas condições podem ocorrer alternadas numa mesma região, como em Curitiba, por exemplo, onde as estações são bem distintas. Aqui, tivemos primavera e verão com muita chuva e estamos com o outono prometendo ser seco.
Não encontrei nenhum índice que meça a evaporação da celulose, seja no ambiente de umidade e temperatura ideal, seja em condições extremas. Mas a experiência aponta que um papel de media qualidade, guardado em uma estante mais ou menos ventilada, começa a apresentar sinais de oxidação em poucos anos, enquanto os efeitos da umidade ou do ressecamento já são sensíveis alguns dias depois.

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