Os pobres cartórios do interior sofrem com a falta de mão de obra especializada no restauro e conservação de seus livros oficiais.
Quando muito, dispõem de um esforçado encadernador que também faz os livros contábeis e um ou outro trabalho de monografia, quase nunca tendo oportunidade de trabalhar em livros propriamente ditos. Para todos os trabalhos, usam a mesma técnica simplória e os materiais mais frágeis. Aliás, os encadernadores comerciais das Capitais e das cidades maiores também trabalham assim.
De tempos em tempos, os cartórios recebem propostas de encadernadores de São Paulo ou Santa Catarina, oferecendo seus serviços. Conheço um caso aqui mesmo em Curitiba, na 2ª Circunscrição. Contrataram o serviço, que incluía transporte, estadia e alimentação de duas pessoas, usando dependências do próprio cartório. Imagine-se o custo e o transtorno.
Os livros foram batidos para igualar as folhas, foram furados e amarrados com linha de pesca, colada a lombada com grossa camada de cola sobre os cadernos sem restauro e um pedaço de tecido sobre tudo. A Capa foi feita de folhas duplas de papelão cinza, sem nenhum lixamento, cobertas finalmente por corvim.
Não resta nenhum deles nessa circunscrição, pois estavam caídos das capas e com as folhas partidas pela linha de pesca e refiz todo o acervo faz uns quatro anos. Mas ainda existem muitos por aí. Caros, feitos sem nenhuma técnica e frágeis.
Optar por um serviço desses traz como conseqüência a redução da vida útil do livro.
Além de precários encadernadores locais e dispendiosos encadernadores importados, a única outra saída é recorrer ao meu trabalho.
Mas, como providenciar o transporte seguro dos livros? São documentos únicos e insubstituíveis, sendo impensável pensar que possam ser perdidos.
O primeiro obstáculo é colocado pelo juiz local. Teme tirar o livro da Comarca, pois tem zelo pelo documento.
O seguinte obstáculo é a inexistência de transportadoras que ofereçam garantias totais de que o transporte será feito com cuidado, responsabilidade e eficiência. Fazem triangulações e transbordos, aumentando o risco de imprevistos. Têm a aparência de transportadoras de atacado, tratando todas as mercadorias com igual desinteresse.
Estou tentando obter dos Correios dados estatísticos sobre eventos de extravio, mas não acredito que minhas solicitações sejam atendidas. Uma empresa concessionária de serviços públicos costuma agir com extrema arrogância, julgando-se inamovível de sua posição. Provavelmente, não serei sequer considerado. Se, por acaso, obtiver resposta, vou receber deles uma coletânea de argumentos corporativos, típica de um organismo que se apega à mentiras que inventa e nega o que acontece no nosso mundo real.
Se, desafiando meu pessimismo, os Correios puderem oferecer argumentos que desmintam a imagem de ineficiência e possam prestar um serviço absolutamente sem falhas, serei seu maior divulgador.
Por enquanto, alguns cartorários conseguem me mandar uns livros, com sacrifício e dificuldades. Um, manda pelo prefeito da cidade que, solícito e cooperativo, traz um livro quando vem a Curitiba. Outro, aproveita uma convenção ou uma visita de família, para trazer aqueles livros mais deteriorados.
A grande maioria apenas lamenta não ter como mandar e nem a quem recorrer. Meu conselho a eles é que esperem. Não confiem o livro a nenhum respeitável encadernador. Deixem descansar os livros tão dignamente envelhecidos, contando sua história nas capas puídas e nas folhas amareladas e soltas. Um dia serão salvos, se Deus quiser.
Abaixo, minha tentativa junto aos Correios:
Caro(a) Pedro Malanski Sua mensagem foi registrada em 13/04/2010 - 12:17 sob o código 6276682. Agradecemos por utilizar os serviços dos Correios. O prazo previsto para responder sua manifestação é de até 5 dias úteis. Entretanto, informamos que poderá ocorrer comprometimento no prazo das respostas, nas seguintes situações:- Dados incompletos no registro da manifestação;- Quando identificada falha na prestação do serviço de objeto postado sobre registro, passível de indenização ou restituição de preços postais. Atenciosamente,Central de Atendimento dos Clientes dos Correios Seu(s) questionamento(s) foi (foram):Senhor administrador.Realizo trabalho de encadernação e restauro de livros para cartórios de Curitiba. Tenho sido consultado por titulares de cartório do interior do Estado, mas enfrento o problema de transporte desses livros. São livros de tamanho máximo de 60 X 40 centímetros, com uns 10 cm de espessura, pesando, no máximo, 20 quilos.De grande responsabilidade e insubstituíveis, os cartorários TEMEM CONFIAR ESSE MATERIAL AOS CORREIOS. Falam do estado que as encomendas normalmente chegam, de extravios, de temor generalizado.Para tentar desmistificar ou esclarecer os cartorários, TENHO ARGUMENTADO que é confiável e rápido, custando pouco. Mas não tenho convencido ninguém.Peço sua ajuda, informando-me se há alguma estatística sobre extravio ou danos de correspondência.Se há alguma forma de convencer meus clientes de que o risco é mínimo.Se existe alguma garantia que os Correios possam fornecer, talvez mesmo uma correspondência de nossa administração estadual que tranquilize esse público.Se há casos em que o transporte de documentos públicos já é feito.Tenho deixado de fazer imúmeros livros do interior e os poucos que faço chegam por ajuda de terceiros, de forma que há muitos livros precisando de minha urgente interferência.Sendo o meu trabalho único, com utilização de técnicas clássicas e materiais nobres, realmente não há outros que possam realiza-lo.Agradeço muito se puder dedicar um pouco de seu tempo para o assunto, em nome de tantos livros em triste condição.Há mais informações sobre meu trabalho no BLOG: "CUIDAR DO LIVRO". *****Esta é uma mensagem automática. Por favor, não a responda. Caso queira contatar os Correios ou registrar uma nova manifestação, utilize os canais abaixo:Internet: www.correios.com.brPesquisei superficialmente o tema "correios*reclamações*acidentes*extravio" e a quantidade de eventos é enorme. Notíciais de hoje, dia 17 de abril, apontam que houve 850 ocorrências no PROCON de São Paulo. Uma delas, de um LUTHIER que encaminhou um instrumento de sua autoria e foi parar em outro lugar.
Já estou desistindo.
Parece que eles se prestam mais a fazer entrega para contrabando, remédios sem receita e papéis absolutamente irrelevantes. É engraçado: uma empresa que deveria zelar, acima de tudo, pela sua credibilidade, não ser digna de confiança. Mais irônico ainda, é que podem estar pensando numa "grande campanha publicitária que resgate a credibilidade dos Correios perante a população".
Dia 27 de Abril, SILÊNCIO.
Remeti via SEDEX um livro no formato 60 X 45 cm, pesando 14 quilos, para uma cidade do interior do Paraná. Custou R$34,10, com código de rastramento.
Resolvemos acreditar na qualidade dos Correios no nosso Estado.
Dia 28 de Abril.
Recebi um livro formato 60 X 45 cm. postado ontem do interior. Chegou rápido e em perfeito estado.
Ponto para o SEDEX.
Contudo, jamais obtive resposta ao meu questionamento.
Tenho realizado inúmeros trabalhos para o interior do Paraná, e para São Paulo, capital e interior, usando o SEDEX.
Nunca houve qualquer atraso ou acidente.
Quando muito, dispõem de um esforçado encadernador que também faz os livros contábeis e um ou outro trabalho de monografia, quase nunca tendo oportunidade de trabalhar em livros propriamente ditos. Para todos os trabalhos, usam a mesma técnica simplória e os materiais mais frágeis. Aliás, os encadernadores comerciais das Capitais e das cidades maiores também trabalham assim.
De tempos em tempos, os cartórios recebem propostas de encadernadores de São Paulo ou Santa Catarina, oferecendo seus serviços. Conheço um caso aqui mesmo em Curitiba, na 2ª Circunscrição. Contrataram o serviço, que incluía transporte, estadia e alimentação de duas pessoas, usando dependências do próprio cartório. Imagine-se o custo e o transtorno.
Os livros foram batidos para igualar as folhas, foram furados e amarrados com linha de pesca, colada a lombada com grossa camada de cola sobre os cadernos sem restauro e um pedaço de tecido sobre tudo. A Capa foi feita de folhas duplas de papelão cinza, sem nenhum lixamento, cobertas finalmente por corvim.
Não resta nenhum deles nessa circunscrição, pois estavam caídos das capas e com as folhas partidas pela linha de pesca e refiz todo o acervo faz uns quatro anos. Mas ainda existem muitos por aí. Caros, feitos sem nenhuma técnica e frágeis.
Optar por um serviço desses traz como conseqüência a redução da vida útil do livro.
Além de precários encadernadores locais e dispendiosos encadernadores importados, a única outra saída é recorrer ao meu trabalho.
Mas, como providenciar o transporte seguro dos livros? São documentos únicos e insubstituíveis, sendo impensável pensar que possam ser perdidos.
O primeiro obstáculo é colocado pelo juiz local. Teme tirar o livro da Comarca, pois tem zelo pelo documento.
O seguinte obstáculo é a inexistência de transportadoras que ofereçam garantias totais de que o transporte será feito com cuidado, responsabilidade e eficiência. Fazem triangulações e transbordos, aumentando o risco de imprevistos. Têm a aparência de transportadoras de atacado, tratando todas as mercadorias com igual desinteresse.
O PAPEL DOS CORREIOS
Uma instância que deveria inspirar confiança absoluta é a dos Correios e do SEDEX, mas até hoje não encontrei nenhum titular de cartório que não tremesse diante dessa hipótese. Todos desconfiam dos Correios, alguns tendo tristes experiências pessoais de extravio de documentos e do péssimo estado que chegam ao destino, quando chegam.Estou tentando obter dos Correios dados estatísticos sobre eventos de extravio, mas não acredito que minhas solicitações sejam atendidas. Uma empresa concessionária de serviços públicos costuma agir com extrema arrogância, julgando-se inamovível de sua posição. Provavelmente, não serei sequer considerado. Se, por acaso, obtiver resposta, vou receber deles uma coletânea de argumentos corporativos, típica de um organismo que se apega à mentiras que inventa e nega o que acontece no nosso mundo real.
Se, desafiando meu pessimismo, os Correios puderem oferecer argumentos que desmintam a imagem de ineficiência e possam prestar um serviço absolutamente sem falhas, serei seu maior divulgador.
Por enquanto, alguns cartorários conseguem me mandar uns livros, com sacrifício e dificuldades. Um, manda pelo prefeito da cidade que, solícito e cooperativo, traz um livro quando vem a Curitiba. Outro, aproveita uma convenção ou uma visita de família, para trazer aqueles livros mais deteriorados.
A grande maioria apenas lamenta não ter como mandar e nem a quem recorrer. Meu conselho a eles é que esperem. Não confiem o livro a nenhum respeitável encadernador. Deixem descansar os livros tão dignamente envelhecidos, contando sua história nas capas puídas e nas folhas amareladas e soltas. Um dia serão salvos, se Deus quiser.
Abaixo, minha tentativa junto aos Correios:
Caro(a) Pedro Malanski Sua mensagem foi registrada em 13/04/2010 - 12:17 sob o código 6276682. Agradecemos por utilizar os serviços dos Correios. O prazo previsto para responder sua manifestação é de até 5 dias úteis. Entretanto, informamos que poderá ocorrer comprometimento no prazo das respostas, nas seguintes situações:- Dados incompletos no registro da manifestação;- Quando identificada falha na prestação do serviço de objeto postado sobre registro, passível de indenização ou restituição de preços postais. Atenciosamente,Central de Atendimento dos Clientes dos Correios Seu(s) questionamento(s) foi (foram):Senhor administrador.Realizo trabalho de encadernação e restauro de livros para cartórios de Curitiba. Tenho sido consultado por titulares de cartório do interior do Estado, mas enfrento o problema de transporte desses livros. São livros de tamanho máximo de 60 X 40 centímetros, com uns 10 cm de espessura, pesando, no máximo, 20 quilos.De grande responsabilidade e insubstituíveis, os cartorários TEMEM CONFIAR ESSE MATERIAL AOS CORREIOS. Falam do estado que as encomendas normalmente chegam, de extravios, de temor generalizado.Para tentar desmistificar ou esclarecer os cartorários, TENHO ARGUMENTADO que é confiável e rápido, custando pouco. Mas não tenho convencido ninguém.Peço sua ajuda, informando-me se há alguma estatística sobre extravio ou danos de correspondência.Se há alguma forma de convencer meus clientes de que o risco é mínimo.Se existe alguma garantia que os Correios possam fornecer, talvez mesmo uma correspondência de nossa administração estadual que tranquilize esse público.Se há casos em que o transporte de documentos públicos já é feito.Tenho deixado de fazer imúmeros livros do interior e os poucos que faço chegam por ajuda de terceiros, de forma que há muitos livros precisando de minha urgente interferência.Sendo o meu trabalho único, com utilização de técnicas clássicas e materiais nobres, realmente não há outros que possam realiza-lo.Agradeço muito se puder dedicar um pouco de seu tempo para o assunto, em nome de tantos livros em triste condição.Há mais informações sobre meu trabalho no BLOG: "CUIDAR DO LIVRO". *****Esta é uma mensagem automática. Por favor, não a responda. Caso queira contatar os Correios ou registrar uma nova manifestação, utilize os canais abaixo:Internet: www.correios.com.brPesquisei superficialmente o tema "correios*reclamações*acidentes*extravio" e a quantidade de eventos é enorme. Notíciais de hoje, dia 17 de abril, apontam que houve 850 ocorrências no PROCON de São Paulo. Uma delas, de um LUTHIER que encaminhou um instrumento de sua autoria e foi parar em outro lugar.
Já estou desistindo.
DIÁRIO DOS CORREIOS
Hoje é 23 de Abril, quase dez dia depois de minha tentativa inicial. Nenhuma resposta dos Correios.Parece que eles se prestam mais a fazer entrega para contrabando, remédios sem receita e papéis absolutamente irrelevantes. É engraçado: uma empresa que deveria zelar, acima de tudo, pela sua credibilidade, não ser digna de confiança. Mais irônico ainda, é que podem estar pensando numa "grande campanha publicitária que resgate a credibilidade dos Correios perante a população".
Dia 27 de Abril, SILÊNCIO.
Remeti via SEDEX um livro no formato 60 X 45 cm, pesando 14 quilos, para uma cidade do interior do Paraná. Custou R$34,10, com código de rastramento.
Resolvemos acreditar na qualidade dos Correios no nosso Estado.
Dia 28 de Abril.
Recebi um livro formato 60 X 45 cm. postado ontem do interior. Chegou rápido e em perfeito estado.
Ponto para o SEDEX.
Contudo, jamais obtive resposta ao meu questionamento.
Tenho realizado inúmeros trabalhos para o interior do Paraná, e para São Paulo, capital e interior, usando o SEDEX.
Nunca houve qualquer atraso ou acidente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário